terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O Rock (ainda) não morreu - Parte 2



O saudosismo é um sentimento comum e que tende a crescer conforme a idade nos avança. Muitas vezes, a nostalgia voa para épocas que sequer vivemos. Aos admiradores da música tal sentimento está sempre presente, o que leva muitas pessoas a sentenças como: música boa era só antigamente, hoje em dia não há nada que preste!

Dando sequência à série de álbuns que mais me agradaram no ano de 2018, agora enumero, novamente por ordem cronológica, meus destaques do segundo semestre.

Julho: O potencial apresentado pelo Halestorm nos seus primeiros dois trabalhos era inegável a quem conseguia ver além do estereótipo “banda de menina”. O terceiro disco partiu para praias mais sólidas, mas com Vicious a banda alcançou seu trabalho mais conciso. Os riffs de guitarra continuam ótimos, agora melhor distribuídos pelas faixas. A voz de Lzzy Hale melhor explorada do que nunca. A produção tirou proveito da veia pop adolescente com guitarras distorcidas, agora sem pudor, em faixas como Do Not Disturb, Conflicted, além do single Uncomfortable. Mas o destaque fica para as pedradas Killing Ourselves to Live, Black Vultures e Painkiller. Essencial: a balada The Silence, melhor performance vocal da carreira de Lzzy e talvez a mais bela canção do ano.

Ainda em julho que vale uma audição, Dictator do Scars on Broadway (para dar um gostinho aos órfãos do System of a Down) e The Sacrament of Sin do Powerwolf.

Agosto: Um dos ícones da era do grunge, Alice in Chains sempre apresentou trabalhos impecáveis. Rainier Fog, já vem sendo considerado talvez o melhor trabalho da banda desde a morte de Layne Staley. Menos experimental do que dois anteriores e mais direto, o álbum lembra grandes momentos da banda em seu auge. Os vocais conjuntos de Jerry Cantrell e William DuVall abrilhantam melodias vigorosas. The One You Know abre mostrando a que veio. O virtuosismo de Cantrell na guitarra é inegável, mas com o ambiente certo, mais ainda brilham seus riffs, bases e solos. Ao fim, as dez faixas se mostram pouco tendo em vista que nenhuma destoa da grande qualidade entregada. Aos preguiçosos vale começar conferindo Never Fade e Maybe.

Setembro: Talvez o mais controverso do ano por se tratar de talvez a maior lenda viva da música, Sir James Paul McCartney, cuja lenda o precede e dispensa apresentações. Egypt Station foi lançado cinco anos após seu antecessor e, mesmo bem recebido pela crítica especializada, causou desagrado em uma nem tão grande parcela de fãs. Muito pelo tom mais pop e comercial há tempos não usado pelo músico, como em faixas como Come on to Me e (principalmente) Fuh You. Mas mesmo o fã mais nostálgico não pode negar o fato de que Paul em quase sessenta anos de carreira sempre foi adepto de inovações e mudanças no seu estilo, procurando não se repetir. Não se pode negar também o fato de mesmo trabalhos menos brilhantes do ex-beatle contêm músicas que valem muito a pena. I Don’t Know, que abre o disco, é um bom exemplo disso, assim como Dominoes, Whos Cares, (que lembra Get Back), Hunt You Down e Caesar Rock. Há também uma peculiar homenagem ao Brasil na faixa Back in BrazilMenção também ao terceiro disco da parceria  Slash com Myles Kennedy and the Conspirators, Living the Dream.

Outubro: Três lançamentos que valem destaque, embora nenhum esteja necessariamente entre os melhores do ano. O primeiro, Evolution do Disturbed, era bastante aguardado pelos fãs após o sucesso de seu antecessor. Mesmo um bom trabalho, acabou por ser menos impactante. Com o estouro de The Sound of Silence em 2015 a banda resolveu apostar mais em baladas como Watch You Burn, Already Gone e A Reason to Fight. Mas seu som característico continua presente em faixas como The Best One Lie e No More. O segundo é Anthem of the Peaceful Army, disco de estreia da banda cover do Led Zepellin Greta Van Fleet. Com dez faixas, o álbum cumpre o que promete: emular o som característico do início dos anos setenta. Apesar de não aparentar original, as músicas apresentam boa qualidade. Lover, Leaver (Taker, Bealiever), Watching Over e o single When the Curtain Falls valem uma audição de bom grado. O terceiro: os veteranos e consagrados escoceses do Nazareth lançaram Tattooed on My Brain, o primeiro trabalho sem o vocalista original Dan McCafferty. Como muitos e muitos trabalhos da banda, vale ser ouvido em bom volume. Curiosamente com a presença do novo vocalista, Carl Sentance, as músicas soam muitas vezes mais como Van Halen.

Novembro: Outra banda que apostou em um tipo de nostalgia revisada foi o Muse com Simulation Theory, como se fosse uma trilha sonora de filmes futuristas dos anos oitenta como Tron ou Devolta para o Futuro. O conceito se estende por todo disco e mais agrada do que desagrada, recheado de bons momentos, como The Dark Side, Pressure, Thought Contagion, Blockades e Something Human. Importante ressaltar também o lançamento de Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun. do cultuado The Smashing Pumpkins, provavelmente seu melhor trabalho em quase vinte anos. O título enorme contradiz com número de faixas (apenas oito – todas muito agradáveis) que se alternam entre climas mais calmos e com mais peso. Marca também a volta de membros clássicos como Jimmy Chamberlin na bateria e James Iha na guitarra.

Dezembro: O último mês do ano não trouxe a luz grandes nomes do rock (pelo menos até o dia que este texto está sendo pubiclado), principalmente pelo adiamento de Resist do Within Temptation para 2019. O nome a ser considerado é o da lenda do thrash metal, Venom (a banda, não o filme também lançado há pouco tempo), que lançaram o décimo quinto álbum de sua carreira, Storm the Gates. Destaques: Bring Out Your Dead, Notorious e Destroyer.

E o desejo permanece de que 2019 transborde de bons álbuns e boas músicas, de artistas consagrados e novatos. Agradando ou não os saudosistas!

P.S.: Minha lista pessoal de preferidas do ano:

                                                                   por Marcelo Mendonça








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Um comentário:

  1. Impressionante. Parabéns. E. Que sempre tenha, "nosso" ,saudoso Rock.

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