quinta-feira, 30 de abril de 2015

Pessoas Malvadas




As culturas da sociedade e as coisas que são consideradas normais ou aceitáveis mudam sempre com o passar do tempo. Na Idade Média, comportamentos estranhos podiam ser declarados bruxaria. Ainda no século XIX, as mulheres raramente trabalhavam fora de suas casas e, quando isso acontecia, tal fato era visto com maus olhos.
O pensamento atual evoluiu e não se queima, pelo menos no sentido literal, quem tem hábitos diferentes dos seus. As tolerâncias são maiores, assim como as diversidades. Entretanto, o limite do tolerável esbarra nas leis e princípios éticos. Um pai expor uma filha a constrangimentos para lucrar com isso é inaceitável. Pior se dá se o ocorrido é, tratando-se de uma criança, frequente e de caráter sexual. Agrava e muito a situação o lastimável fato de o pai convencer a filha a gostar do que faz.
Questionado, o pai defendeu a postura, dizendo não haver mal algum naquilo. Após certa pressão, com medo de perder a guarda (ou a fonte de lucro) gravou um vídeo com a filha cantando, ao invés do funk, uma música gospel. Depois, outro vídeo chorando e tentando reverter a situação. Pessoas malvadas estão os julgando!
Talvez, em um século ou mais, pessoas leiam sobre o caso do pai que transformou a filha de oito anos em dançarina e cantora de funk carioca, com direito a coreografias sexuais e letras com palavras obscenas. E como a visão de mundo costuma mudar através dos tempos, no futuro se questionará o motivo por que a sociedade permitiu que esse absurdo tenha acontecido por tanto tempo e como muitos ainda apoiavam e até gostavam, ou se perguntarão sobre como chegaram a considerar que um fato corriqueiro desse tivesse sido visto como algo polêmico.
                                                                                                 por Marcelo Mendonça