Se não morrermos antes, inevitavelmente,
passaremos pelo desprazer de contemplar nossos artistas preferidos findarem
suas existências terrenas. A recente perda para os fãs de David Bowie nos leva
a conjeturar sobre o fato de aquilo que admiramos sempre durar menos do que
gostaríamos.
Um dos melhores compositores da
melhor geração de compositores, David Bowie se iniciou na música inspirado em
nomes como Elvis, Beatles, Chuck Berry e Little Richards. Sempre foi
considerado a frente de seu tempo, ditando tendências no mundo da música e na
cultura pop em geral por diversas vezes. Seu apelido mais conhecido, O Camaleão do Rock, se deu pelas inúmeras mudanças ao longo de sua
carreira nos aspectos visual e sonoros.
Bowie fez o que poucos
conseguiram fazer na história da música, emplacar dezenas de sucessos nas
rádios e lançar vários discos que podem ser classificados, sem se soar
desmoderado, como obras-primas musicais. Seu álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars o
tornou mundialmente conhecido, e trata-se de um disco conceitual sobre o
personagem que aparece no título, um roqueiro de outro planeta que por fim
acaba por se suicidar, calcado no emblema “drogas, sexo e rock ‘n roll”.
Além desse, outros clássicos são
os álbuns The Man Who Sold the World,
Hunky Dory, Let’s Dance. Após o lançamento do ótimo Reality em 2003, entrou em um período longe dos palcos e estúdios,
retornando dez anos depois com o ainda melhor The Next Day. Dois dias antes de sua morte, na data que completava
69 anos de idade, deu ao mundo seu último presente, o disco Blackstar.
Em sua retrospectiva, não faltam canções
memoráveis. Space Oddity, Rebel Rebel, Heroes, Under Pressure, Starman, Life on Mars? é apenas uma amostra minima de seu privilegiado
repertório. Teve ao longo dos anos como parceiros em sua obra nomes como Mick
Jagger, John Lennon, Freddie Mercury, Iggy Pop.
Um pesar é ver como mingua o
número de gênios na área musical, tendo sido o Camaleão um dos derradeiros.
Conta-se nos dedos a quantidade de artistas vivos que deixaram um legado tão
significativo. Custoso seria esperar pela utopia de que a cena artística atual
no releve novos Bowie. Que Marte o tenha!
por Marcelo Mendonça