quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Bowie, David



Se não morrermos antes, inevitavelmente, passaremos pelo desprazer de contemplar nossos artistas preferidos findarem suas existências terrenas. A recente perda para os fãs de David Bowie nos leva a conjeturar sobre o fato de aquilo que admiramos sempre durar menos do que gostaríamos.

Um dos melhores compositores da melhor geração de compositores, David Bowie se iniciou na música inspirado em nomes como Elvis, Beatles, Chuck Berry e Little Richards. Sempre foi considerado a frente de seu tempo, ditando tendências no mundo da música e na cultura pop em geral por diversas vezes. Seu apelido mais conhecido, O Camaleão do Rock, se deu pelas inúmeras mudanças ao longo de sua carreira nos aspectos visual e sonoros.

Bowie fez o que poucos conseguiram fazer na história da música, emplacar dezenas de sucessos nas rádios e lançar vários discos que podem ser classificados, sem se soar desmoderado, como obras-primas musicais. Seu álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars o tornou mundialmente conhecido, e trata-se de um disco conceitual sobre o personagem que aparece no título, um roqueiro de outro planeta que por fim acaba por se suicidar, calcado no emblema “drogas, sexo e rock ‘n roll”.

Além desse, outros clássicos são os álbuns The Man Who Sold the World, Hunky Dory, Let’s Dance. Após o lançamento do ótimo Reality em 2003, entrou em um período longe dos palcos e estúdios, retornando dez anos depois com o ainda melhor The Next Day. Dois dias antes de sua morte, na data que completava 69 anos de idade, deu ao mundo seu último presente, o disco Blackstar.

Em sua retrospectiva, não faltam canções memoráveis. Space Oddity, Rebel Rebel, Heroes, Under Pressure, Starman, Life on Mars? é apenas uma amostra minima de seu privilegiado repertório. Teve ao longo dos anos como parceiros em sua obra nomes como Mick Jagger, John Lennon, Freddie Mercury, Iggy Pop.


Um pesar é ver como mingua o número de gênios na área musical, tendo sido o Camaleão um dos derradeiros. Conta-se nos dedos a quantidade de artistas vivos que deixaram um legado tão significativo. Custoso seria esperar pela utopia de que a cena artística atual no releve novos Bowie. Que Marte o tenha!
                                                                                                 por Marcelo Mendonça