Todas as minhas inseguranças, todos os
defeitos que eu nunca me importei vieram à tona. Foi tudo ali, ao encontrá-la.
Nos dias de minha vida, nem ultra-modesto, nem soberbo, mas dono de si. Nem também demasiado
preocupado com a opinião alheia. Até aquele instante.
Momento aquele de sensações inabituais.
Coração sempre fechado, aparentemente incapaz de se envolver, desarmado por um
sorriso ou uma frase gentil. Indefeso, restou-me a rendição. De onde vinha essa
embriaguez? Do brega de sentir-se assim? Isso destoa com os dias atuais.
Romantismo é altamente ridículo e nada prático.
Então você encontra a perfeição
encarnada: com todos os eventuais defeitos que seus olhos cegos não enxergam. Permite
que a ponta de seus dedos beije suavemente a pele dela; ela sorri com os olhos
líricos. Uma voz em você suplica para que não se iluda, mas o som é sufocado
pela maciez de seu cabelo.
Os minutos correm sem que eu possa
evitar, transformando-se em horas, conduzindo a noite apressadamente.
Despeço-me implorando calado que ela volte. Mas quem volta primeiro é ela: a
insegurança. O medo de não ser bom o bastante para ser escolhido por quem você
escolheu. Quando elejo a melhor de todas as pessoas, como posso reivindicar que
ela não queira o mesmo? E qual seria o critério em sua mente?
Penitência cármica pelo desleixo de não
ser alguém melhor para si mesmo, como deve ser. De todo modo, a autolapidação
interna propicia mais benefícios do que o almejado. Independente da cruel
esperança, começo então agora a mudar algumas imperfeições que se mostrem
necessárias, entre elas essa recente insegurança.