terça-feira, 17 de julho de 2018

O Brasil Venceu a Copa



Apesar de não parecer, devido à derrota no jogo contra a Bélgica, o Brasil saiu vitorioso nesta edição da Copa do Mundo. Não a seleção brasileira de futebol em si, que foi eliminada nas quartas de final, mas o país como contexto geral.

Sendo campeão, o Brasil perderia muito: a vitória seria da imagem de um jogador arrogante, mimado e que mostra que quando não se consegue por méritos, o melhor é ludibriar, simular e exagerar. Não que esta ideia já não seja bem aceita por muita gente. Para muitos, inclusive, é tida como a melhor opção. Esperteza vale mais do que ética.

Sendo um dos atletas mais populares do mundo, o mau exemplo se agrava. A falta de caráter ou, no mínimo, a falta de maturidade emocional e psicológica seria brindada com o prêmio maior da categoria. A equipe campeã do mundo seria liderada pelo arquétipo do famigerado jeitinho brasileiro.

Além da índole do craque brasileiro, a taça limparia um pouco da barra da corrupta instituição que comando o futebol no país, a CBF. Basta ver o histórico de seus últimos presidentes. A política brasileira também teve menos espaço para aprovar projetos obscuros que poderiam passar despercebido em meio a euforia e passeatas de comemoração pelo título.


Nem sempre as conquistas são justas (talvez muito poucas vezes sejam), no esporte e principalmente na vida. Mas é bom saber que, ainda que raramente, vença quem fizer por merecer. Ou pelo menos que o mau exemplo não pareça o melhor caminho a ser seguido.

                                                                                      
 
                                                                          por Marcelo Mendonça








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terça-feira, 3 de julho de 2018

O Rock (ainda) não Morreu


Todos conhecem o velho clichê: o rock morreu. Bobagem! Nem respira por aparelhos, como é dito por vezes em sua versão eufêmica. Concordo que há certo tempo que poucas bandas conseguem repetir êxitos comerciais como outrora, mas há ainda uma boa quantidade de artistas que entregam ótimos trabalhos nos tempos atuais.

No primeiro semestre do ano de 2018, de fato, não houve numerosos lançamentos no mundo do rock. Entretanto há pelo menos uma dezena de discos relevantes concebidos neste período, e, dentre eles, destaco meus seis preferidos, por ordem cronológica.

Janeiro: Black Label Society lançou Grimmest Hits, que ao contrário do que indica o título, não é uma coletânea. Apesar de dividir a opinião de público e crítica, traz ótimas faixas muito bem distribuídas. Aparentemente a volta de seu líder, compositor, vocalista e guitarrista, Zakk Wylde ao time de Ozzy Osbourne trouxe bons frutos ao Black Label Society: Riffs inspirados em faixas como The Betrayal e Illusions of Peace, baladas imponentes como Nothing Left to Say e That Day That Heaven Had Gone Away. Destaque especial para A Love Unreal, por enquanto, meu clipe eleito como o melhor de 2018.

Fevereiro: A banda brasileira Angra lançou seu nono disco de estúdio, Ømni, o segundo com o vocalista italiano Fabio Lione. As músicas remetem a várias fases da banda de forma renovada, valorizando a nova formação. Black Widow’s Web causou alvoroço na internet graças ao contraste da participação da cantora Sandy (a faixa ainda conta com Alissa White-Gluz nos vocais). Músicas como Insania, Travelers of Time e Magic Mirror mostram grande potencial nesta nova fase.

Março: Um dos melhores lançamentos de metal recentemente se chama Firepower do Judas Priest, a ponto de ser considerado um dos grandes trabalhos da discografia desta banda que é um dos pilares do heavy metal. Com muito peso, começando pela própria Firepower, faixa após faixa, entregam uma inesgotável energia, além de riffs e solos de tirar o fôlego. Várias músicas, talvez se tivessem sido lançadas em décadas antes, poderiam hoje ser consideradas clássicos da banda. Ou até o disco como um todo.

Abril: Após catorze anos, o aguardado quarto álbum do supergrupo A Perfect Circle veio à tona com o nome de Eat the Elephant. Correspondida à expectativa de manter a sempre alta qualidade, trata-se de um projeto primoroso. Hipnótico seria um adjetivo coerente. Introspectivo, com temas atuais e importantes, atmosfera envolvente, com todas as faixas se encaixando sem jamais soarem repetitivas ou parecidas, além de musicalmente impecável. É injusto citar apenas destaques individuais, mas para quem não quiser começar com o todo, vale ouvir So Long, And Thanks For All The Fish e Talk Talk.

Maio: Não tão imponente quanto os anteriores, o mais recente trabalho do Five Finger Death Punch, And Justice for None, faz jus a carreira da banda: hard rock muito bem executado, energia de sobra, refrões para se cantar junto e uma grande dose de semelhança com Stone Sour. Depois de alguns problemas que levaram até o vocalista Ivan Moody a sair da banda temporariamente, o reflexo disso tudo fica claro em boa parte das músicas, o que em momento algum é ruim musicalmente. Destaque para o cover de Gone Away do Offspring e Shaim Paim.

Junho: Nunca se deixe levar pelas primeiras impressões. A banda sueca Ghost não figurava entre os milhares artistas que me agradam no meio musical. Sempre julguei artificial e desnecessário o figurino de papas e bispos satânicos por eles adotado, o que pode ter influenciado o meu julgamento musical. Continuo não achando seus primeiros trabalhos ótimos, mas fui gratamente surpreendido pelo lançamento de Prequelle. É notável a evolução musical da banda, ao mesmo tempo sendo atual e podendo se passar várias vezes por algum clássico progressista dos anos setenta. O instrumental em todas as faixas alcançou o ápice de sua carreira, e posso incluir facilmente entre os melhores álbuns do ano. Destaque para Rats, Pro Memoria e Dance Macabre.

Outros bons discos foram lançados neste período, dentre eles o autointitulado Stone Temple Pilots, o primeiro com o vocalista Jeff Gutt (após as mortes de Scott Weiland e Chester Bennington); Sign Of The Dragonhead da banda Leaves' Eyes, também o primeiro com nova vocalista; Arctic Monkeys lançou Tranquility Base Hotel & Casino, ótimo e, como de costume, mudando totalmente o estilo de trabalhos anteriores. Também bem experimental, Jack White lançou Boarding House Reach. A Dying Machine de Tremonti também vale muito uma audição.


Que o segundo semestre venha com, no mínimo, o mesmo número de obras dignas de serem admiradas. E que convença quem ainda acha que o rock está morto. E não se trata de zumbis!
    
                                                                          por Marcelo Mendonça








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